sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma pessoa pode avançar três séculos nos conhecimentos humanos em três anos de estudo. Mas para isso teria que relacionar tudo o que aprende com tudo aquilo que consegue compreender do mundo em que vive. É interessante notar que nestes dois anos que não escrevi nada por aqui eu tenha visto tanto conhecimento sendo produzido sem nenhuma relação com o mundo em que vivemos, ou seja, muito do que vem sendo produzido pela inteligentsia refere-se ao mundo imaginário das fadinhas ou às ficções do caralho à quatro. A inteligentisia é, ninguém menos do que, a classe dos intelectuais, ou seja, aqueles indivíduos que trabalham com a produção de ideias que são reproduzidas na sociedade. Sim, eles são uma classe social! Não são burgueses nem são proletários, mas ficam aí gravitando a partir da riqueza criada pelo trabalho social. Não exploram nem são explorados. Então qual é a função deles? Exatamente criar ideias. E se estas ideias que, como eu disse, estão sendo criadas sem grande fidelidade com aquilo que creio ser a realidade. Qual é a função destas ideias? Encantar, tal como o reino das fadinhas encanta as criancinhas? Dizer besteiras, tal como as ficções besteiroladas do caralho à quatro? Não. Estas duas opções não caem bem na academia. (Talvez sim para a academia de ginástica, mas não à Universidade). O que estas medíocres ideias propõem é exatamente mistificar a realidade. Sim! A Universidade (com letra maiúscula para realçar a sua graaaaaaaande importância social) cria um monte de mentira! Ela engana. Por que ela engana? Qual o interesse por traz desta enganação que impede que as pessoas compreendam a vida como ela é? Quem está por trás deste interesse? Estas três questões vou deixar para quem ler pensar na resposta. Não seria muito difícil. Bastaria uma reflexão sobre o funcionamento da sociedade e em quem na sociedade deseja manter as coisas como estão e, para isso, precisa inventar um monte de história para acalmar e felicitar (falsamente) a todos.

Estou estudando bastante e a realidade algumas vezes me escapa. Outras vezes não consigo me aprofundar nela, outras vezes tampouco consigo romper sua casca dura. Mas o que vim escrever foi que compreender as coisas como elas são é muito difícil em uma sociedade em que há muita incompreensão. É como procurar uma pessoa desconhecida no meio de uma multidão apenas com uma lista breve de características. Mas você pode ir aumentando a lista perguntando para as pessoas ou procurando nos lugares certos.

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Apenas quando fui mais uma vez tentar explicar o porquê de o valor econômico criado na sociedade ser fruto do trabalho (depois de várias vezes ter lido, escrito, exemplificado isso) é que de fato fui compreender isso para mim mesmo. Na tentativa de explicar acabei entendendo. O que eu entendi foi que o que vale é o que as pessoas criam a partir de seu trabalho. Se na sociedade uma pessoa consegue produzir 1 tonelada de cana em duas horas é isso que esta cana vale: duas horas de trabalho. Então se alguém conseguir produzir mais rápido (10 toneladas de cana em duas horas) eliminando o cortador de cana e colocando a máquina esta pessoa não vai alterar o valor da cana, mas vai conseguir um grande lucro porque consegue produzir a cana mais barata, mas com o mesmo valor. E se, por fim, todos passarem a produzir a cana com a máquina aí sim 10 toneladas de cana (e não mais apenas 2) valerão 2 horas de trabalho. A cana passa a valer menos porque todo mundo consegue produzi-la em menos tempo.

O corte de cana tem que acabar. Ninguém merece cortar meia tonelada de cana por hora (exemplo meramente especulativo). A produção de cana deve existir porque é útil, não porque alguém precisa lucrar com ela.

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