quinta-feira, 9 de junho de 2011

A burguesia vai muito bem, obrigado

Um neguinho safado, uma mulher gostosa, um pobre fudido. Quanta viadagem querendo denegrir uma imagem já tão judiada!

Pensei em escrever “O capitalismo vai muito bem, obrigado”, mas isto seria uma inverdade. O capitalismo está mal. Rasteja nas entranhas sociais procurando válvulas. E as segue encontrando. Os direitos conquistados de maneira tão sofrida são sobrepujados sob novas roupagens. O terceiro setor, representante do progresso, cresse. Mas o que é o terceiro setor se não a corda bamba dos esfarrapados?
O guia do empreendedor moderno seria a nova bíblia do sofrido conformado não fosse a velha bíblia de páginas novas e interpretações modernizadas. Deus não quer um mundo onde os pobres não têm vez, mas ele claramente quer um mundo onde os padres tenham voz. Voz, pedestais, regalias e seguidores. Ajoelhem-se diante de seus superiores!
Este mundo é desumano, temos que encontrar no nosso espírito a salvação, ela está lá, dentro de nós, só não se sabe aonde, pois entre as veias corre o sangue que não é magia e um dia padece.
É tão belo quando compra-se um objeto. Uma camiseta, um relógio, um ingresso para ver o filme são nada mais do que a felicidade cristalizada. Quem dera pudesse comprar todos os dias, seria tão mais feliz.
Não cabe aqui criticar os esquerdos, mas que mal tem em fazer autocrítica? Será que as respostas estavam dadas em um livro escrito há séculos para continuarmos seguindo cegamente suas diretrizes sem saber aonde estamos? Porque naturalizar a inferioridade de mulheres, negros e gays mascarando pela brincadeira ou pela mera omissão da agressão física?
A burguesia vai bem sim. Vai bem por tudo que tem e vai bem por tudo que não lhe contraria. Não cabe aqui jogar todo o peso da autoridade e dos preconceitos sobre estas pessoas que possuem a peculiaridade de terem a propriedade dos meios de produção e não trabalharem. Mas esta é a reprodução da drástica desigualdade! Na burguesia encontra-se o fundamento desta opressão que muitos ditos esquerdos não se cansam de reproduzir.
Sem destruir o fundamento tudo o que está à volta como acessório não cairá em definitivo. Só quem pode criticar tudo é quem não quer nada! E não querer nada é mero reflexo do desejo à conservação.

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