quinta-feira, 5 de maio de 2011

Entre o céu e a terra

A sociedade moderna, contemporânea, homens, mulheres, crianças. Tantas coisas já se passaram e muitas voltas insistem em rejeitar a realidade já adiantada. O que há entre o céu e a terra são pássaros, aviões, gases, partículas e, um pouco a diante, planetas, estrelas, satélites e, quem sabe, vida. A insistência em diferenciar os seres humanos parte da relutância em reconhecer o já esclarecido sentido de que somos animais. Animais que são diferentes, mas que assim como os outros comem, dormem, se reproduzem, morrem. Estes animais constroem, destroem, reconstroem e suas construções tomam vida própria: as relações humanas em sua complexidade fazem desaparecer (esconder) as origens históricas (tempo), geográficas (espaço), concretas: mundanas. A fuga de tantos do mundo em busca de um sentido feliz, perfeito, perpétuo: místico denota o desejo de querer buscar algo entre o céu e a terra, algo para além de pássaros, aviões, helicópteros, dirigíveis, partículas, gases e padres voadores e denota também o medo (a relutância ou a conformidade) de reconhecer o que há muito já fora mostrado: que nós somos também partículas, partículas que um dia irão se dissolver em algo que não é místico, mas concreto e que se situa entre o céu e a terra.

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