domingo, 15 de março de 2009

Infinita Highway

Férias! Foi tão bom ficar à toa. Talvez cheguei próximo do comunismo, haha, tirando o fato de que minha mãe me sustenta. Mas eu podia ser um executivo no início das tardes, um trabalhador braçal nos fins de tarde, um boêmo nas noites e um leitor assíduo nas madrugadas. Mas claro que isso foi só pra fazer referência aos manuscritos econômicos e filosóficos de Karl Marx, porque na maior parte do tempo eu fui boêmio mesmo. Mas é bom sabe, não se preocupar com nada (e isso até que gerou problemas). Mas foi um momento de descanso mesmo, amadurecimento do intelecto (kkkkkkk), pude ler coisas só pra me divertir, retomei o gosto pelo xadrez, evoluí em alguns pontos nas obras do campinho, estive jogando o tempo fora com pessoas a quem não dou estas oportunidades neste mundo normal besta corrido de aulas. Mas também tive que enfrentar burocracias que só de pensar dá vontade de deixar pras férias (como de fato ocorreu). Burocracia é muito chato, carimbo pra tudo, tantas formalidades. Eu considero necessário, mas só é chato proque não atingiu tudo, ou seja, tem muita coisa desorganizada e porque demora muito, você perde muito tempo, por isso tem gente que trabalha só pra resolver os pepinos pros outros [e eu pensei que queria ter alguém pra trabalhar nisso pra mim um dia e pensei também que eu tenho a capacidade de trabalhar nisso pra alguém hoje]. E por isso eu tinha que me preparar emocionalmente antes de ir enfrentar um cartório, etc. e fazia uma coisa de cada vez, um dia de cada vez em determinada parte do dia e com isso voltamos ao comunismo de Marx. As pessoas podiam ter a chance de ser várias coisas, né? Tipo, serem cientistas políticos, namorados dedicados, jogadores de futebol, músicos, conselheiros, promotores de eventos, leitores assíduos, trabalhadores braçais, filósofos e críticos de arte, tudo isso ao mesmo tempo. É, essas coisas que eu disse não sou eu, foram exagerações, aspirações, mas será que mesmo como aspirante eu estou cumprindo esta doutrina do comunismo de ter várias ocupações? Não! Não, porque eu faço estas coisas com um tempo muito reduzido, de forma que não dá pra descançar, pra fazer tudo isso com qualidade, aprofundar. Não me tornei cientista político, sociólogo ou filósofo nem músico, jogador de futebol e crítico de arte, agora que estou estudando não posso mais ser leitor assíduo de livros que só servem para diversão e não sei se sou o namorado dedicado. Não poderei ser todas estas coisas, tenho que priorizar poucas e apertar no meu tempo de modo que eu não acabe desmaiando em cima dos deveres e o tempo vai passando e vou fazendo parte de uma coisa, parte de outra, será que estou fazendo bem? Esta resposta terei daqui há algum tempo e será que vai ser positiva? Este é o drama do mundo moderno. A gente devia ser mais livre pra viver de boa e ser boêmio o quanto quisesse até que desse vontade de se especializar, até que desse vontade de sair de casa e ir resolver um problema que você sabe que tem que resolver, mas pelo menos tem um prazo confortável que te dá o direito de pensar e se preparar.
Pff, pff, Onde é que isso tudo vai parar?

3 comentários:

  1. Esperava ler isso mesmo. O tempo é corrido para todos infelizmente, e eu também queria ser um monte de coisas, e não sei se sei fazer tudo o que eu queria. Minhas férias já acabaram a tanto tempo que já clamo por outras. Seus horários estão ficando difícieis mas você se esforça e até que está se saindo bem nessa coisa de "namorado dedicado". Também queria não ter que me responsabilizar por algumas coisas, que nem parece que são minhas responsabilidades, não falo delas, e não pretendo.
    É, não lembro se queria falar algo mais.
    beijo!

    'Escute garota façamos um trato: de não usar a Highway pra causar impacto'

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  2. Esse sistema realmente é escravizante. Não se sabe o que se pode ser e muito menos qual o momento propício pra se ser alguma coisa. Ou ainda, é difícil estabelecer quais são as prioridades. Você não imagina quantas coisas eu queria ser ao mesmo tempo, mas infelizmente somos simples mortais que têm um corpo físico limitado, que precisa descansar para que não entre em total fadiga. E temos um cérebro que por mais que não tenha nem 12% de sua funcionalidade aproveitada por nós, também precisa descansar... Então, o que nos resta é tentar fragmentar os nossos afazeres, tentar distribuir as 24h do dia em ocupações que sejam essenciais [as famosas obrigações] e também aquelas que são vitais [mas que não são essenciais]. Continue fazendo tudo o que vc tem feito... a somatória das partes resultará em algo bom, daqui um tempo.

    Aproveitando, quero dizer que seu comentário naquele ultimo post lá, foi suuuuper plausível. Descobri e pensei em umas coisas que nunca havia pensado antes. =]

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  3. Incrível que horas depois de postar comecei a passar a música na minha cabeça. Música que deu o título à postagem. Incrível que eu só pesquei o título após escrever a última linha do post. E o incrível é que passando a música na minha cabeça e agora podendo ler a letra que pude enfim perceber que a ligação com o que eu escrevi é bem maior que imaginei ao intitular. De modo que se eu fosse enunciar as analogias com a letra seria como escrever tudo de novo as duas coisas juntas. Por isso ao invés de dizer tudo o que estou relacionando simplesmente digo sem dizer por já estar dito.
    http://letras.terra.com.br/engenheiros-do-hawaii/12889/
    Interessante também é que pra mim foi sempre tão descompromissada a coisa de tentar entender as letras (eu nunca parei pra isso e quando aconteceu de eu entender alguma coisa foi espontâneo) e agora eu posso dizer que encontrei através de mim mesmo minha interpretação desta música que deve compreender milhares de outras subjetividades do autor e das várias outras pessoas que empregam valor de sentido e sentimento a esta maravilha que é ouvir música.

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